SÃO JOSÉ ERA ASSIM (Prefácio)


SÃO   JOSÉ   ERA   ASSIM

Prefácio


As páginas que se seguem não são um tratado didático sobre as virtudes e as excelências de São José, e muito menos um curso de história sobre o desenvolvimento progressivo de seu culto. São simples anotações sobre o lugar que o Senhor reservou a São José dentro do mistério do Verbo encarnado e da sua Igreja.
O ponto de partida é uma devoção pessoal por aquele cujo nome recebi no batismo. Procurei sempre conhecê-lo, o melhor possível, perscrutando as páginas do Evangelho em que ele é mencionado. Depois confrontei minhas meditações pessoais com a interpretação dos Padres e os ensinamentos da Igreja.
A pedido de várias pessoas, escrevi alguns artigos sobre São José para a Revue du Rosaire. Na ocasião do centenário de São José Padroeiro Universal da Igreja, o Revmo. Pe. Roland Gauthier, diretor do Centro de pesquisas do Oratoire Sain-Joseph de Montréal, pediu-me que retomasse esse trabalho e o concluísse. Eu o fiz, e hoje posso apresentar os resultados.
Servi-me de numerosos textos patrísticos, documentos pontifícios e informações diversas, publicadas ao longo de 20 anos, nos Cahiers de Joséphologie de Montréal. Além de minhas reflexões pessoais, incluí nessas páginas outras idéias sugeridas por amigos. Para a interpretação dos textos evangélicos, tomei como guia São Bernardo. Ele soube exprimir com acerto o que havia de melhor nos Padres do Oriente e do Ocidente.
Deus confiou em José dando-lhe a missão de cuidar de seu Filho e da mãe de seu Filho. José confiou em Deus aceitando essa missão, e realizando-a num ato sublime de fé.
Nesta época exaltante e inquietante que o mundo está atravessando, José de Nazaré surge como o homem da esperança. O célebre Dr. Chauchard disse, há pouco, para uma comunidade de monges: “Como tinha razão João XXIII, ao propor São José como o modelo de que mais necessitamos! Enfim, um homem normal, bem real e não uma utopia... Um jovem, modelo de esposo, apaixonado por uma jovem que as circunstâncias impedem de tratar segundo a norma conjugal. José, modelo de controle da sensibilidade e da afetividade a serviço do amor, no respeito e na ternura. Ele é o ideal da verdadeira virilidade em relação autêntica com a verdadeira feminilidade da Virgem Maria”.
Possam estas páginas ajudar a melhor compreensão da atualidade da missão de São José na Igreja: missão de silêncio, de confiança e de devotamento. Com José descobriremos melhor o papel confiado por Deus à Virgem Maria, numa compreensão mais rica da pessoa vivente e presente de Cristo Jesus.

Abadia de Sept-Fons

Festa de Todos os Santos – 1973